Villa destaca importância de resgatar a herança "ignorada" das migrações nordestinas

  • Por Jovem Pan
  • 19/06/2017 11h59
Reprodução

Marco Antonio Villa se debruçou sobre a história dos nordestinos em São Paulo para seu novo livro, “Quando eu Vim-me Embora”, que pretende não só resgatar a herança desse momento histórico como destacar a sua importância. No Jovem Pan Morning Show desta segunda-feira (19), ele falou sobre as motivações que o levaram a escrever o livro.

“Essa questão da chegada dos migrantes à São Paulo sempre foi uma preocupação minha desde os anos 90”, explicou. “A migração está na frente de novelas, todos falam de migrações, mas a nordestina é ignorada”, destacou.

No livro, Villa centrou sua pesquisa principalmente no período que vai da 2ª Guerra Mundial ao final da década de 60 que, segundo ele, “foi o maior deslocamento populacional do mundo ocidental sem a presença do Estado”.

Villa explicou que “o processo de expulsão do Nordeste vinha da elite nordestina que queria expulsar o excesso de trabalhadores”. Ao mesmo tempo, “as pessoas saíam [do Nordeste] porque queriam se libertar. A preservação do coronelismo e as secas causaram isso”, disse.

“É uma coisa bonita. Uma decisão do indivíduo de ser cidadão. Quando chegavam em São Paulo eram obrigados a ter carteira de trabalho e título de eleitor e assim se tornavam cidadãos”, ilustrou.

A chegada à São Paulo, no entanto, não era fácil e os nordestinos chegavam já envoltos em preconceito. “Os italianos, japoneses e espanhóis sofreram preconceito [após a migração], mas rapidamente foram incorporados pela sociedade. No caso dos nordestinos, o preconceito se sentiu durante décadas”, falou.

Assim, a forma para se encaixar na nova realidade era se desfazer de sua história. “O meio de ser aceito era apagar seu passado. Enquanto italianos resgatam o passado o nordestino nega e apaga”, falou.

Ao mesmo tempo em que a carência por cultura nordestina se fez grande, a presença cultural nordestina foi apagada de São Paulo. Para Villa, esse é o grande ponto pelo qual lembrar da herança dessas migrações é fundamental.

“Se lembra de tudo em São Paulo, mas ninguém fala da herança nordestina, por isso insisto nisso”, destacou.

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